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Naufrágio de um homem bom
Mais um copo vazio
Mais um coração se encheu
Todos os brios flutuam
No naufrágio da rotina em ser um homem bom
E tirar um dia pra chorar
E deixar tudo quebrar
Ele não quer mais ser um homem exemplar.
Mais um dia passa
Menos um pra se preocupar
Porém mais um motivo acaba
De te fazer voltar e lembrar
Que o homem bom não consegue se afogar
Tão exemplar a chorar
Ele quer ver tudo quebrar.
Mais um coração vazio
Mais um copo se encheu
Ele não quer mais ser um homem exemplar
Então o homem o bom começa a se afogar
Uma vida estrala
O alivio é um suspiro.
Henrique Ravelli – Poesia e música, voz, piano, guitarras e viola.
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2. |
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Alvorada
Copiamos corpos, copiamos pessoas
Desejamos carros, famílias e mansões
Arrumamos um emprego, cadê a luz do sol?
Conseguimos dinheiro pra comprar a liberdade
Mas só podemos ter o que eles querem nos vender
Engaiolados em restaurantes,, shoppings e escolas.
E agora que não podemos mais sonhar?
E agora que não podemos sonhar?
O que estamos atijolando?
O que estamos desemburacando?
...pessoas!
Pessoas copiam carros, copiam sorrisos, copiam sons
Copiam estampas, enjaulam nas escolas, academias e esperam a revolução.
Copiamos jovens, copiamos os velhos, observamos a ruas de dentro dos prédios
Queremos sorrir, queremos chorar mas não queremos transpirar.
Livros são agendas com delay!
Eu não quero morrer...
...antes!
Jefferson Viteri – Bateria
Gustavo Gonzo – Gravação Bateria
Henrique Ravelli – Poesia, Voz, Baixo e Guitarras.
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3. |
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O último suspiro de um tempo ruim
Nessa cidade cê num dorme, Farelo de Pão!
Nessa cidade cê num pode sonhar.
Ce já viu quando o horizonte mistura as cores
e faz tudo ser um só azul de encantar olho?
Cor de desanuviar pensamento?
Eu queria o mundo fosse todo azul e todo apasssarado
Eu queria o mundo fosse mais que só essa cor
Isso de enxergar mundo de um só tom...
Endoida, viu?
De enxergar mundo em tom de mato, virou folha.
Agora só convive de árvore.
Vê?! Vê se num é efeito invertido de quem só enxerga mundo em tom de concreto?!
Isso de enxergar mundo em um só tom... endoida, viu?
O mais que muda é que mais garantido de azul
é quem desvive de árvore que quem despedaça em concreto,
que isso de enxergar mundo em um só tom, endoida, viu?
Nessa cidade, cê num dorme farelo de pão.
Nessa cidade, cê num pode sonhar!
Que eu queria pescar mundos pássaros
Por sobrevôos em mundos concretos
Eu queria o azul desse instante lançado como isca
Garantia por sobre o futuro.
Eu queria o azul código eterno para vôos, sobrevôos de alguma canção de
paz que formule silêncio.
Eu queria o céu me desse um balão pra eu embarcar os seres calados
e os seres de medos e os seres que sonharam arco-íris
mas não puderam sentar pra ver quando ele chegou.
E os seres miúdos e os seres que fabricam a harmonia invisível da vida.
A harmonia invisível da vida, Farelo de Pão!
Eu queria o balão enfeitado de cores e
possível de chegar feito cosquinha nos vãos de nuvem pra cada um
tatear teu sonho pra cada um lamber sua cor
a verdadeira cor do mundo púrpura cor.
E assim dormiríamos vôos contentamentos vôos vôos vôos vôooooos...
Nessa cidade, cê num dorme, Farelo de Pão!
Nessa cdade, cê num pode sonhar!
Se...
Se fosse céu, chovia.
Se fosse eu, falava.
E eu queria
Eu queria
Fosse um balão de me caber
Eu queria, eu queria
Um balão de me caber
E lá podia sonhar, lá podia sonhar,
Lá podia, lá podia, e lá podia.
Eu queria
Um sonho pequenininho
Era um balão
De me caber...
Eu queria caber
Num sonho pequenininho
Era um balão...
Nessa cidade, cê num dorme, Farelo de Pão!
Nessa cidade, cê num pode sonhar!
Janaína Silva – Poesia e Voz.
Henrique Ravelli – Guitarras, Violas e Percussão.
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Migalhas no céu
04:27
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Migalhas no céu
Cabe eu?!
Assopro o sol, esfrego o céu
Debaixo da língua
Uma faca azul pra ensanguentar
Comendo sombras na calçada.
Cabe eu?!
Assopro o sol, esfrego o céu
Debaixo da língua
Uma faca azul pra ensanguentar
Cabe eu
Comendo sombras na calçada?
Daqui debaixo, ouço o seu soluçar.
O céu essa noite beija minha testa
E eu aqui como asfalto pra me saciar.
A cidade só tem loucos,
Ouçam seus soluçar e gatinhar nos céus
Pra espalhar estrelas igual migalhas
Estrelas igual migalhas.
Cabe eu nessa cidade
Comendo sombras na calçada
Plantando sementes de mim,
Quando escarro longe de casa?!
Henrique Ravelli – Poesia, Voz, Programação, Baixo, Guitarras e Percussão.
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5. |
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Pedro caçava pássaros e sirenes
Pedro gostava de estrelas
Sempre abraçava algumas quando pulava os bueiros.
Caçava pássaros e sirenes.
Caçava pássaros e sirenes
Chamando todos com assovios
Assovios cintilantes
Chorava mares ao amanhecer.
Cuspia cavalos marinhos
Ao voar sobre condomínios
Transava o amarelo da cidade
Sorria ao ver a dor azul que escorria dos prédios.
Pedro caçava pássaros e sirenes.
João Maresia – Guitarras
Henrique Ravelli – Poesia, Voz, Violão Nylon, Programação, Guitarras e baixo.
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6. |
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E se eu gritar, alguém vai me ouvir?!
o som, a cena a chama acesa passou,
não sei se foi, não era eu dentro,
fora penso, esqueço calou,
consentimento medo
o corpo pede a alma nega
a sede seca, a dor aumenta mandíbula,
travada língua babando,
balbucia a ira
pimenta no olhe é refresco
retina ensolarada míngua
fisgou piscando dura e lenta
mas dilatou cegando a esmo
meu grito eu já não sei controlar
e meu sorriso nem é assim
esse convite não volta mais
mas eu to rindo
meu grito eu já não sei controlar
e meu sorriso nem é assim
esse convivio não volta atrás
mas eu to rindo
a faixa de pedestre leva
e trouxe a pé um cheiro antigo
cansou de andar pela calçada
pensou melhor morar comigo
e se eu gritar, alguém vai me ouvir?
e se me ouvir, o que eu vou dizer?
silenciosa e mortal questão tão criativa!
Paula Cavalciuk – Voz e poesia
Italo Ribeiro – bateria
Peu Ribeiro – Gravação de Bateria e voz.
Henrique Ravelli – guitarras, violas, contra-baixo e percussão
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7. |
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Galos de graxa e engrenagens
Vento estacionado fora da janela
Um desconforto constante
Pra não enraizar debaixo do céu
Dentro do concreto
Querendo me aproximar
E ver o mundo lá fora
E ter vontade de voar
De voar
Ouvindo canções pessoas.
Vejo sereias no asfalto
Elas riem sonhos marginais com pouca idade
E eu sou a sombra dessa cidade
E eu quero ver,
ver Dean Moriarty,
Acordando com os galos de graxa e engrenagem.
Cezar Kotake – Teclados
Victor Vieira-Branco – Bateria
Gustavo Gonzo – Gravação Bateria.
Henrique Ravelli – Poesia, Voz, Baixo e guitarras.
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8. |
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Joelhadas na calçada
Performance sonora por Beatriz Maldonado Ferrão.
Luiz Terra – Escaleta
Henrique Ravelli - Viola
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9. |
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Tempestade roxa
Não voltarás a ser a mesma pessoa
Não vai mais querer passar a vida sem novos amores.
não vai mais querer passar dias em frente a TV
vai começar a bocejar.
Sei que não vou mais querer céu de pano,
Império de crenças: roubo de vôos - Deus placebo, Deus placebo.
Satélite que tudo vê.
Cheiro sem nome, cheiro de inchaço:
Pele úmida em doce e amargo.
Assovios entre ruídos.
Lágrimas dentro do quarto.
Lágrimas dentro do quarto – tempestade roxa, que arranca pássaros das gaiolas, transformam humanos em água, escapam dos olhos, escorrem dos dedos.
Agora já estamos aqui.
Cezar Kotake - Teclados
Henrique Ravelli – Poesia, Voz, Programação, Baixo e guitarras.
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10. |
Girassóis do piche
03:21
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Girassóis de piche
Somos uma enorme plantação
De girassóis no piche
Cabisbaixos, derrubando sementes
Girassóis morrem assim.
Alimentando pássaros rasteiros.
Poesia – Vivianne Oliveira Moureau e Henrique Ravelli
Henrique Ravelli – Voz, Violão Nylon, Viola, Baixo e Efeitos.
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11. |
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Peterson Ruiz – Colagem sonora, Beat e Edição.
Henrique Ravelli – Baixo e Viola.
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12. |
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Nu corpo
Se suspirasse e inventasse que eu era
aroma de todo aquele céu que explodia...,
se dissesse que todas as pessoas que aos pedaços por ali caíam...,
se afagasse meus cabelos e pusesse canto nos ouvidos em noites que...,
se apagasse de mim todas as memórias e levantasse em glória pra dizer:...,
se despido mancomunasse ao redor de tudo que é belo e amarelo, singelo.
Se um dia levitasse dizendo ser possível viver no tempo de agora.
Se consumisse mais uma vez todos os meus poros
para trazer seus produtos e consequências melífluas,
libélula flama dói no peito!
Se pudesse sorria quando me vê assim nua,
porque meu corpo é zona,
é destemperado,
é fora do eixo, é vaciloso,
é canceroso, é dançante,
é coisa que também explode,
é coisa insegurada,
é parte de tudo isso que você sai por aí tapando!
Vivianne Oliveira Moureau – Poesia e Voz.
Henrique Ravelli – Guitarras e Programação.
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13. |
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Tudo começa no seu cheiro
Dançando na janela,
ouço sonhos marginalizados
travestido de alegria
sufocados pelo sexo voraz.
Dançando caos...
Está amanhecendo.
Tudo começa no seu cheiro
Em passos lentos redemoinho de fuligem
Teu corpo é uma cidade
A liberdade da sua companhia.
Luiz Terra – Sintetizadores-teclados
Henrique Ravelli – Poesia, Voz, Programação, Baixo, Guitarras e Percussão.
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14. |
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Viemos parar nas ruas
Pensa no ar
E canta pra descer
Venham todos pras ruas
Juntar o que sobrou da gente.
Victor Vieira-Branco – Vibrafone
Bruno Alves – Bateria, Sintetizador, Programação e Gravação.
Gustavo Gonzo – Gravação Vibrafone
Denis Rosa – Viola
Henrique Ravelli – Poesia, Voz, Baixo, Percussão, Guitarra.
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15. |
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Bonde dos cacofônicos
Muitas coisas passaram nessas cabeças antes de isso chegar até aqui. O mundo é uma vasilha de cacofonia, instaurado dentro de nossas veias. A incerteza nos amedronta e nos faz perder o prazer do agora. Sorrisos estrupiados lotando bares e consumindo caras estampas gritando as dores da crise, crise, crise, cri, cri, cri, cri... É preciso alimentar o sonho, necessário consumir sorrisos, a barganha do bem estar está nos braços. Acefalia programada, alguém programou, sabia? Não dá mais pra sentir medo, vamos também parar de amedrontar, deixem todos falar de tudo, mas não grite com quem ta do lado, quem precisa ouvir ta longe e não dá a mínima. De quem você ta com raiva? Com quem você passa raiva? O que você tem pra falar? Já sabe o que tem pra ouvir? Então ouça, ouça, ouça, ouça, ouça, ou, ouça... Não somos todos iguais, somos todos diferentes, mas dá pra viver juntos. Somos apenas pedaços de carne dentro dessa jaula debaixo desse céu, massa de manobra pra fazerem política, riquezas, sexo, crenças, jogos e propaganda... e estamos comprando
Tudo
Tudo
Tudo tudo
Que nos colocam, em potes, vitrines, telas,
Ou biqueiras.
E depois a gente malha, malha corpo, malha judas, bate nas minorias, bota fogo no indesejado e posta foto nas mídias sociais.
Sem memória
Sem prazer
Sem sonhos
Sem passado
Sem presente
Sem futuro
A gente já era.
Lauren Archilla – Flauta.
Henrique Ravelli – Texto, Voz, Beat e Guitarras.
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